Fala de Fernando Collor foi destaque durante votação do impeachment

Fernando Collor durante a fala de ontem no Senado
No início da madrugada desta quinta-feira, 12, durante a votação do impeachment no Senado, chegou a vez do ex-presidente Fernando Collor de Mello (PTC - AL), discursar e registrar seu voto. Cada Senador tinha o tempo máximo de 15 minutos para a fala e logo após posição. 

Estes minutos de Collor passaram como vento com o bom discurso que foi destaque nesta manhã de quinta-feira em vários tabloides.
Collor iniciou sua fala explicando que recordaria de todo o processo de impeachment que sofreu em 1992. Na época, Lula e Dilma eram os cabeças de todo o processo para derrubar o então presidente.

Nesta “ligação” direta entre 92 e 2016, Collor fez questão de pontuar e ressaltar as diferenças entre aquele processo com este que a Dilma enfrenta.

"Em 1992, em processo análogo, bastaram menos de quatro meses entre a apresentação da denúncia até a decisão de renunciar no dia do último julgamento. No atual processo, já se foram mais de oito meses. A depender do resultado de hoje, mais seis meses são previstos até o julgamento final. O rito é o mesmo, mas o ritmo e o rigor não", considerou.

Uma outra observação interessante do ex-presidente foi em relação ao documento enviado naquela época contra ele e o de hoje. O parecer da Comissão Especial, que hoje discutimos, possui 128 páginas. O mesmo parecer de 1992, elaborado a toque de caixa, continha meia página, com apenas dois parágrafos", complementou.
  • Para quem não se lembra, outra diferença é que Collor renunciou, mas não para jogar a toalha branca, e sim para ser justo. Diferente da presidente Dilma, o ex-presidente usou advogados particulares. Não usou dos afazeres do Congresso durante toda sua defesa. E no final? Foi absolvido de todas as acusações pelo Supremo Tribunal Federal.

Flávio Flores da Cunha Bierrenbach, ex-ministro do Superior Tribunal Militar
"Comparando com a situação em 1992, sem dúvida o momento é outro, mas os pressupostos políticos e jurídicos são iguais, e as coisas estão ficando cada vez mais graves. A situação do Brasil está se agravando dia a dia, talvez hora a hora. Eu estou do mesmo lado, da defesa da democracia, e eu acho que tem que perguntar para os outros advogados que redigiram o pedido de impeachment do ex-presidente Fernando Collor de Mello por que mudaram de opinião.”

Dalmo Dallari, professor emérito da USP
"Estamos numa situação muito diferente da de 1992, porque até agora não se fez qualquer comprovação de um envolvimento pessoal da presidente em atos de corrupção. Podem ter havido até irregularidades formais, administrativas, mas não configuram o crime de responsabilidade, e ao contrário do que ocorreu há 23 anos, o impeachment agora seria tremendamente prejudicial ao país. Haveria muitos prejuízos, sem trazer nenhuma vantagem.


As falas das entrevistas foram retiradas do portal http://www.bbc.com/
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