Delator Milton Pascowitch |
Além da afirmação, o delator Milton Pascowitch, dono
da Jamp Associados, contou ainda ao juiz Sérgio Moro como eram feitos os
pagamentos de propina. O dinheiro, segundo ele, era destinado às eleições de
2010 e correspondia a propinas de contratos com a Petrobras firmados
pelas empresas Engevix, Hope e Personal. Outros R$ 4 milhões foram
pagos na forma de doação eleitoral oficial, declarada ao Tribunal
Superior Eleitoral. O total chegou a R$ 14 milhões.
Eu entregava pessoalmente, levava numa malinha com rodinhas. Entregava dentro do diretório nacional do PT, na sala dele (Vaccari) — afirmou Pascowitch, que prestou depoimento nesta quarta-feira a Moro na ação da Operação Pixuleco, que levou à prisão o ex-ministro José Dirceu.
O delator confirmou ter atuado como operador no
pagamento de propinas a políticos. Inicialmente, o dinheiro ao "grupo
político" foi pago a Silvio Pereira, que foi secretário-geral nacional do
PT e ao lobista Fernando Moura, que também assinou acordo de delação premiada
na Operação Lava-Jato. Silvinho saiu de cena com o escândalo do mensalão.
Pascovitch contou que em 2007 conheceu o ex-ministro José Dirceu e, a partir de
então, passou a fazer os contatos diretamente com ele ou por meio de
intermediários dele, como o irmão Luiz Eduardo de Oliveira e Silva e o assessor
Roberto Marques.
Segundo o delator, a propina paga a Dirceu
correspondia a 0,5% dos contratos firmados pela Engevix com a Petrobras e
envolveu obras em várias refinarias, além do projeto Unidade de Tratamento de
Gás Natural de Cacimbas em Linhares, no Espírito Santo, dividida em dois
contratos - Cacimbas I e II.
Pascovitch contou ter iniciado os contatos na
Petrobras por meio de Fernando Moura, a quem já conhecia, com o intuito de
aumentar os negócios da Engevix com a estatal. Até 2003, a empresa tinha apenas
alguns contratos na Transpetro. Em seguida, conheceu o gerente da Petrobras
Pedro Barusco, com quem passou a jogar golfe.
Ao juiz Sérgio Moro, o delator afirmou que a propina
era de 1,5% do valor dos contratos com a Petrobras. Além do 0,5% dos políticos,
entregue ao grupo de Dirceu, a "casa", formada pelos executivos da
Petrobras, ficava com 0,5% e ele próprio com 0,5%, a título de remuneração pelo
serviço.
Os funcionários da Petrobras receberam em dinheiro
dentro e fora do Brasil, em reforma de imóveis e em obras de arte.
Com Folha de SP